É muito comum vermos em terapia o quanto o sofrimento nos afasta justamente daquilo que é importante para nós, com isso, vamos deixando, aos poucos, de reconhecer que estamos abrindo mão de ter contato com o que da cor e significado a vida, como consequências, vamos nos sentindo cada vez mais distante de nós mesmos.
Por isso, para além de reconhecer e tratar os sintomas, a terapia olha o sujeito pela sua totalidade, percebendo sua existência como algo integral e a partir daí, também trabalhamos os valores.
Os valores podem ser entendidos como qualidades de ações que permite nos aproximarmos de direções de uma vida que forneça um sentido, um senso de significado. Os valores são um poderoso meio para que possamos construir o tipo de vida que vale a pena ser vivida.
Mas como trabalhamos isso em terapia?
Geralmente, começamos olhando áreas de vida de uma pessoa, como por exemplo, “área familiar”. Depois, vamos nos aprofundando nas qualidades que o sujeito identifica como importantes e significativas pensando em como isso o impacta internamente, para enfim, pensarmos em ações específicas e dinâmicas que se atualizam conforme o contexto.
Valores sem ações, não manifestam por si só uma vida com mais sentido. Por conta disso, a proposta de trabalhar os valores vem justamente da construção e desenvolvimento de comportamentos que ajudam a termos uma vida com mais bem-estar.
Resumindo, esses são alguns pontos que nos mostram a relevância de trabalhar esse tema em terapia:
· Permite resgatar/construir um sentido para vida;
· Promove ações de aproximação da vida que se desejamos ter;
· Fortalece e autoconhecimento;
· Reconecta o paciente com suas potencialidades;
· Inspirar esperança, desejos e possibilidades futuras;
· Chama a atenção para o momento presente;
· Possibilita construir no hoje, pequenas ações livremente escolhidas.
A discussão sobre valores pode ser emotiva, inspiradora e sensível. Dentro de sessões, temos a possibilidade de ir construindo pequenos passos que nos direcionam ao que é importante em nossas vidas, sem ficar unicamente preso a seguir um processo que foca exclusivamente no afastamento da dor.
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Referências:
BECK, Aaron T. et al. CT-R - Terapia cognitiva orientada para a recuperação de transtornos mentais desafiadores. Porto Alegre: Artmed, 2022
BECK, Judith S. Terapia Cognitivo comportamental: Teoria e prática. 3ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.
HAYES, S. C.; STROSAHL, K. D.; WILSON, K. G. Terapia de aceitação e compromisso: o processo e a prática da mudança consciente. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.
Assinatura: Hevelin Ayala | Estudante de Psicologia - Estagiária do Projeto Lótus.
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