Transtorno por uso de substâncias (TUS) é uma condição crônica, na qual o sujeito mantém o uso abusivo de uma determinada droga apesar das consequências negativas que este hábito acarreta.
O DSM lista 10 classes de substâncias – com exceção da cafeína – que atingem diretamente a via de recompensa do cérebro e causam dependência. Nos TUS, existe uma alteração na circuitaria cerebral que, apesar da interrupção do uso, tende a persistir e, por isso, comportamentos de recaída e fissura são comuns.
Os principais sintomas dos TUS, de acordo com o DSM-5 são:
- Padrão patológico relacionado ao uso.
- Baixo controle sobre o uso da substância.
- Desenvolvimento de tolerância.
- Desejo persistente para diminuir ou controlar o uso (provavelmente sem malsucedido).
- Muito tempo gasto para obter, utilizar ou se recuperar do uso.
- Fissura.
- Prejuízo social, financeiro, interpessoal.
- Manutenção do uso apesar de consequências negativas.
Os benefícios de procurar ajuda para TUS são múltiplos, mas considero que um dos principais seja retomar o controle da própria vida. Com o uso crônico de substâncias, o sujeito desenvolve uma disfunção executiva, o que impede que este tome decisões baseadas na realidade. Nesse sentido, com a desintoxicação, o indivíduo pode retomar a capacidade de organizar seus próprios pensamentos e, consequentemente, sua vida. No entanto, esta retomada é, também, um grande desafio para a pessoa que entra em recuperação. Haja vista que, precisará entrar em contato com muitos sentimentos que estavam silenciados pelo uso, tornando o processo de reencontro consigo mesmo complexo e perigoso.
Existem várias técnicas relacionadas ao tema que são aplicadas dependendo da demanda do sujeito. Caso o paciente tenha acabado de entrar em recuperação, o principal protocolo a ser utilizado é o de Prevenção de recaída, com o fortalecimento da rede de apoio, cartões de enfrentamento, diário de emoções, entre outros.
A dica para adictos que decidiram entrar em abstinência é: aprendam a diferenciar culpa de responsabilidade. Um conselho seria tomar cuidado com os seus pensamentos porque eles não são necessariamente verídicos.
O tabu principal é ainda tratarmos os TUS como um problema de segurança pública e não de saúde mental, o que colabora com a marginalização de pessoas que estão em profundo sofrimento e que muitas vezes nem cogitam buscar ajuda pela alta estigmatização. Acredito que a principal mentira sobre o tema é que pessoas que usam drogas não querem ficar bem, que são vagabundas e que “não tem mais jeito”. Existem tratamentos baseados em evidências para ajudar pessoas que fazem uso abusivo de substâncias e devemos encaminhá-las para um serviço especializado. E, caso a pessoa decida pela abstinência, é importante ter em mente que a recaída faz parte do processo e isso não significa que o sujeito não está em tratamento.
Autora: Janaina Faro
Estagiária do Carreira Psi
Nossa Psi em Desenvolvimento está no 8/9º Período da graduação em Psicologia da PUC-Rio e seu interesse de estudo é nos temas de Transtornos de humor e personalidade e Transtornos por uso de substâncias.
REFERÊNCIAS
Beck, J. S. (2013). Terapia Cognitiva Comportamental: teoria e prática. 2a Ed. Porto Alegre. Artmed.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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