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Ciúmes: É errado? Como lidar?

Foto do escritor: Laura SengèsLaura Sengès

Olá,


Tenho recebido perguntas e mensagens sobre a nossa série de ciúmes aqui no Blog/Instagram (e to beem feliz por essa interação!). A maioria dos questionamentos das pessoas tem sido sobre o ciúme ser patológico ou não – afinal, esse tema é babadeiro e a gente já sabe! Haha.


Já avisando para vocês: Não, nem todo ciúme é problemático e eu vou te explicar o porquê.


Como já falei aqui, o ciúme é um sentimento universal e natural. É uma emoção inata do ser humano que acarreta diversos sentimentos como as incertezas, as inseguranças, a raiva, a ansiedade e/ou o medo. Em relacionamentos amorosos, para algumas pessoas, o ciúme pode até mesmo ser estimulante e trazer benefícios como fazer com que a outra pessoa se sinta desejada e amada, evitando distanciamentos e mantendo a proximidade.


Mas aqui, a grande questão de definir o que é um ciúme saudável ou não é que para essa diferenciação não é uma tarefa tão simples assim. Podemos compreender que para esse ciúmes ser disfuncional, precisa de uma certa intensidade e frequência trazendo prejuízos a si mesmo e a terceiros, ou seja, tem que trazer um sofrimento significativo para as pessoas envolvidas. Me diz, quando você sente ciúmes, o que acontece?


Quando as preocupações são intensas e/ou o medo do abandono chega ao ponto de não conseguir controlá-las ou distanciam-se da realidade, o ciúme passa a ser alvo da nossa maior atenção. A pessoa ciumenta passa a tentar controlar o desejo, o sentimento, o pensamento, o comportamento e tudo o que ocorre na intimidade do outro. Com certeza essa é uma missão impossível (ainda bem)! Além de muito perturbadora e sofrida a quem sente e ao parceiro(a) que é constantemente o(a) culpado(a).


Momento de reflexão:

Você realmente tem motivos para sentir esses ciúmes todo?

Como é a estrutura do seu relacionamento?


E como lidar com o ciúme?

  1. Reconheça e aceite o ciúme.

Qual a intensidade do seu ciúme em uma escala de 0 a 10? Pergunte-se se a intensidade do ciúme é compatível com a situação.

2. Procure a motivação dos ciúmes: O que aconteceu para que eu me sentisse assim?

Existem evidências concretas que apoiam a minha preocupação? Existem evidências no sentido contrário? Se tiver dúvidas, você pode perguntar para um amigo!

3. Pare com os hábitos disfuncionais no quais só trazem prejuízos, como: Chega de olhar o celular do outro ou criar fake para stalkear.

4. Opte pelo diálogo com o seu parceiro(a) e alinhe quais são as expectativas de ambos para a relação. Se a sua parceira ou seu parceiro não contribui nesse processo, talvez seja importante repensar na relação.

5. Caso você não consiga se questionar sozinho, busque um profissional da área da saúde (psicólogo e/ou psiquiatra) que seja capacitado para te auxiliar nesse processo.


Bônus: Lembre-se, hoje em dia escolhemos quem faz parte ou não da nossa vida. Se a pessoa escolheu estar com você, é porque ela quis ficar. Permita-se (e conversem).


Paralelamente a isso, o autoconhecimento e o trabalho da autoestima são grandes aliados, valorize-se. Entender o que você espera de uma relação, se sentir satisfeito consigo mesmo e compreender quais são as inseguranças que você carrega são fatores que auxiliam na administração dessa emoção. É importante ressaltar, que nessa série de posts sobre ciúmes não estamos abordando os quadros de transtornos mentais graves e relacionamentos violentos.


Se você percebe que o seu ciúme é excessivo ou exagerado, não deixe de pedir ajuda! Esse sofrimento é real e pode ser vivido de forma menos estressante.


Atenção: O ciúme patológico é uma questão de saúde mental. São inúmeros fatores que podem originar os ciúmes exagerado, dentre eles os traços de personalidade, os comportamentos das pessoas envolvidas no relacionamento ou consequência de eventos e circunstâncias da vida. Sufocar ou não admitir essa emoção não é uma resposta, pelo ao contrário. O primeiro passo é admitir e buscar ajuda para que consiga administrá-la, agindo de acordo com a situação.


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Laura Sengès – IG: @Laurasenges.psi

Psicóloga Clínica (CRP 05/59459)

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) | Terapia Comportamental Dialética (DBT)

Mestranda em Psicologia | Coordenadora do Carreira Psi

Linktree: linktr.ee/laurasenges.psi

Referências:

· Abalone, G. J. (2010) Histórias de Ciúme Patológico: identificação e tratamento. São Paulo: Manole.

· Stravogiannis, A., Kim, H. S., Sophia, E. C., Sanches, C., Zilberman, M. L., & Tavares, H. (2018). Pathological jealousy and pathological love: Apples to apples or apples to oranges?. Psychiatry research, 259, 562–570. https://doi.org/10.1016/j.psychres.2017.11.029

· Mullins D. (2010). Morbid jealousy: The green-eyed monster. Irish journal of psychological medicine, 27(2), i–vii. https://doi.org/10.1017/S0790966700001221·

Aldao A., Nolen-Hoeksema S., Schweizer S. (2010). Emotion-regulation strategies across psychopathology: a meta-analytic review. Clin. Psychol. Rev. 30, 217–237 10.1016/j.cpr.2009.11.004

Kneeland, E. T., Dovidio, J. F., Joormann, J., & Clark, M. S. (2016). Emotion malleability beliefs, emotion regulation, and psychopathology: Integrating affective and clinical science. Clinical psychology review, 45, 81–88. https://doi.org/10.1016/j.cpr.2016.03.008


 
 
 

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